Editor de Cinema & Jovem
"A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás, (...) mas só pode ser vivida olhando-se para frente"Há algum tempo, o hypado diretor David Fincher disse: "Eu vivo tentando sair de baixo de minha própria sombra. Eu não quero fazer a mesma porcaria de novo e de novo". E em "O Curioso Caso de Benjamin Button" o fez de maneira surpreendente, conseguiu se reinventar partindo de uma fórmula já conhecida.
Seja na fotografia, na trilha sonora, no elenco ou no roteiro, Fincher sempre procurou se cercar de bons profissionais. No longa em questão não foi diferente. Repete "Se7en" e "Clube da Luta" ao retomar a bem-sucedida parceria com Brad Pitt. Todavia, contrariando seu breve, porém aclamado, currículo, Fincher finalmente tem a oportunidade de mostrar o seu lado sensível.
Com um ritmo de narrativo muito semelhante ao de Forrest Gump, "O Curioso Caso" traz outra prova dos bons profissionais que cercam o diretor. O roteiro é assinado por Eric Roth também escritor do longa dirigido por Robert Zemeckis e estrelado por Tom Hanks.
Levemente adaptado de um conto de 22 páginas de F. Scott Fitzgerald (1896-1940), escrito em 1922, o filme retrata a fábula de Benjamin Button, nascido com um aspecto de uma pessoa de 80 anos, à espera da morte. Ao longo da trama, Button, ao contrário das pessoas normais, tem sua vida passada de trás para frente, vivendo uma criança no corpo de um octogenário e, no decorrer do filme, um idoso em corpo de criança. E é exatamente por ser uma fábula que o filme ganha pontos e não se preocupa em apresentar artifícios ou justificativas científicas que expliquem o tal curioso caso.
A primeira metade do filme é capaz causar uma concomitante mistura de sentimentos. Por um lado, a estranheza de ver Bradd Pitt no corpo de uma criança senil com traços que só o mais longo dos tempos teria a habilidade de marcar. Por outro, o encanto em observar como a maquiagem e outros recursos gráficos conseguem transformar um astro de Hollywood nesta criatura que, desde o nascimento, tem sua a aparência e amadurecimento destinados a caminhar em caminhos opostos.
Mas é na segunda metade do filme, quando Benjamin atinge a idade adulta e um corpo capaz de se locomover sem limitações, pronto para explorar o mundo, que a estranheza inicial dá lugar a uma reflexão sobre a passagem do tempo, como encaramos a morte e o espaço que o amor ocupa em cada uma delas. Amor este retratado na relação entre Benjamin e Daisy (Cate Blanchett), quase com a mesma idade, porém eternamente díspares na aparência, fato que torna o sentimento entre os dois singularmente belo.
Mais do que a história de um homem que nasce velho e rejuvenesce envelhecendo, "O Curioso Caso de Benjamin Button" é a prova da capacidade e versatilidade de David Fincher. E, acima de tudo, um sensível ensaio sobre a relatividade do passar do tempo e da importância das pequenas cosias da vida, umas com momentos certos para acontecer, outras simplesmente à espera de que aconteçam.
2 comentários:
Belo texto, me atiçou ainda mais a ver o filme.
Nice!
Fiquei com vontade de ver! ;)
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