Guilherme Udo
Editor de Teatro
Que Marília Pêra é uma diva do teatro e da televisão brasileira ninguém dúvida, agora em "Gloriosa", ela mostra, mais uma vez, porque merece esse título. A atriz dá vida a Florence Foster Jenkins que era a piada mais popular de Nova York nos anos 40 do século passado. Os ingressos para os recitais anuais que protagonizava no Hotel Ritz eram disputados a tapa. No meio de seu público, podiam ser reconhecidos Cole Porter e Noel Coward. A eles, ela oferecia um repertório caprichado — Mozart, Verdi, Strauss — com uma peculiaridade: conseguia as piores interpretações que estes compositores já tiveram em toda a História. Florence cantava mal.
E é dando vida a essa caricata figura que Marília prova sua grandiosidade, pois caminha do cômico ao trágico se expondo ao ridículo sem ligar para as reações e ainda precisa desafinar, algo complicado para pessoas que estudam canto - “A composição desta personagem foi extremamente difícil para mim porque passei a minha vida inteira aprendendo a cantar e me aprimorando. De repente, tenho que fazer justamente o contrário, desafinar. Foi uma verdadeira desconstrução da minha voz. E, além disso, há uma transição no final do espetáculo, quando eu canto, finalmente de forma correta, a Ave Maria. Vou de um extremo ao outro”, diz Marília Pêra.
A montagem tem direção geral de Charles Möeller e musical de Cláudio Botelho. A dupla já é conhecida pelas musicais que vêm montando - como A Noviça Rebelde e 7 - O Musical - e acerta mais uma vez com essa produção. Fazendo com que, apesar de soar distante de nossa realidade, a peça seja divertida e flua para o público.
“Há alguns anos Claudio e eu assistimos a uma peça na Broadway chamada Souvenir e imediatamente pensamos na Marília para o papel de Florence Foster. Quando voltamos para o Brasil tentamos comprar os direitos, mas alguém chegou na nossa frente. Logo depois, e por uma incrível coincidência, os produtores Sandro Chaim e Claudio Tizo nos apresentaram a mesma história, desta vez na versão inglesa e com uma outra visão, a do autor Peter Quilter. Então decidimos fazer e chamamos Marília, que é uma amiga querida, a melhor atriz do mundo. Trabalhar com ela está sendo incrível, Marília é a primeira a chegar e a última a sair, não é à toa que ela é Marília Pêra. Foi um ótimo casamento. E não poderia ser outra atriz no papel. Só uma profissional que canta muito bem poderia interpretar uma personagem que canta mal. A Guida Vianna dá um toque cômico muito especial à peça e Eduardo Galvão faz o papel de um sedutor”, conta Charles Möeller.
A peça fica em cartaz até o dia 2 de agosto no Teatro Procópio Ferreira em São Paulo e merece ser assistida.
Serviço:
"Gloriosa"
com Marília Pêra e elenco.
Quintas e sábados às 21h, sextas às 21h30 e domingos às 18h.
Teatro Procópio Ferreira - Rua Augusta, 2823, Jardins. - Tel. (11) 4003-1212 .
Ingressos: de R$ 70,00 a R$ 90,00.
Não recomendado para menores de 12 anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário