quinta-feira, 1 de julho de 2010

'A Grande Volta' coloca em cena dois grandes atores

Guilherme Udo
Editor de Teatro


Em 2001, Paulo Autran se apaixonou pela peça "Le Grand Retour de Boris S.", de Serge Kribus, começou a traduzi-la e a preparar a sua montagem. Mas o grande sucesso de "Visitando o Sr. Green" acabou por mudar seus planos. Agora, passados alguns anos, Marco Ricca dirige a montagem do texto que tanto interessou o grande mestre, "A Grande Volta", com Fúlvio Stefanini e Rodrigo Lombardi interpretando pai e filho, protagonistas de uma história que fala de amor, comprometimento, medo, solidão, sonhos, falhas e de um belo encontro.

Na história, o momento é de crise para o publicitário Henrique (Rodrigo Lombardi): ele acaba de perder o emprego, sua esposa o deixou levando o filho pequeno, e, para completar, seu pai Boris (Fúlvio Stefanini), sem aviso prévio, mudou-se para sua casa. Boris é um ator velho, ultrapassado, há muito tempo fora dos palcos, que acaba de ser chamado para viver um personagem clássico - e dos mais importantes da dramaturgia mundial: "o Rei Lear", de Shakespeare.

Os dois atores com grande domínio do palco defendem muito bem seu papel. Rodrigo Lombardi constrói seu personagem de forma que a plateia se sente tocada desde o início da peça. Já Fúlvio, tem alguns oscila entre bons momentos e alguns de interpretação regular.

A peça de Serge Kribus, tocante e muito bem construída, explora a relação entre pai e filho e as questões de identidade delas decorrentes. O tom às vezes irônico e rude leva, a uma profunda humanidade. Nós somos o que somos, mas também aquilo que os nossos pais nos transmitiram. Henrique não pode fugir de seu pai, apesar do profundo desejo que ele tem de distanciar-se dele. A verdade está aí, os dois homens se parecem. Como em um espelho, pai e filho devolvem um para o outro o mesmo discurso, os mesmos erros, o mesmo medo e a mesma loucura.

A história ameaça transformar-se em tragédia, porém com sensatez, dela se afasta e se encontra na comédia dramática, com a densidade sentimental habilmente recheada de certeiros toques de humor.

Um grande destaque da montagem está no cenário de André Cortez que é simples, mas muito funcional. Consitui-se de uma caixa que ao ser movimentada cria ambientes dinstintos e que servem muito bem para contar àquela história. A iluminação somada ao ambiente garante o clima necessário para o desempenho dos atores.

Serviço: "A Grande Volta"
com Fúlvio Stefanini e Rodrigo Lombardi.
Sextas às 21h30, sábados às 21h e domingos, às 18h (somente até 15 de agosto).
Teatro FAAP - Rua Alagoas, 903, Higienópolis. - Tel. (11) 3662-7233.
Ingressos: R$ 70,00 (inteira) e R$ 35,00 (meia).
Não recomendável para menores de 12 anos.

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