
Editor de Teatro
Em 2001, Paulo Autran se apaixonou pela peça "Le Grand Retour de Boris S.", de Serge Kribus, começou a traduzi-la e a preparar a sua montagem. Mas o grande sucesso de "Visitando o Sr. Green" acabou por mudar seus planos. Agora, passados alguns anos, Marco Ricca dirige a montagem do texto que tanto interessou o grande mestre, "A Grande Volta", com Fúlvio Stefanini e Rodrigo Lombardi interpretando pai e filho, protagonistas de uma história que fala de amor, comprometimento, medo, solidão, sonhos, falhas e de um belo encontro.
Na história, o momento é de crise para o publicitário Henrique (Rodrigo Lombardi): ele acaba de perder o emprego, sua esposa o deixou levando o filho pequeno, e, para completar, seu pai Boris (Fúlvio Stefanini), sem aviso prévio, mudou-se para sua casa. Boris é um ator velho, ultrapassado, há muito tempo fora dos palcos, que acaba de ser chamado para viver um personagem clássico - e dos mais importantes da dramaturgia mundial: "o Rei Lear", de Shakespeare.
Os dois atores com grande domínio do palco defendem muito bem seu papel. Rodrigo Lombardi constrói seu personagem de forma que a plateia se sente tocada desde o início da peça. Já Fúlvio, tem alguns oscila entre bons momentos e alguns de interpretação regular.
A peça de Serge Kribus, tocante e muito bem construída, explora a relação entre pai e filho e as questões de identidade delas decorrentes. O tom às vezes irônico e rude leva, a uma profunda humanidade. Nós somos o que somos, mas também aquilo que os nossos pais nos transmitiram. Henrique não pode fugir de seu pai, apesar do profundo desejo que ele tem de distanciar-se dele. A verdade está aí, os dois homens se parecem. Como em um espelho, pai e filho devolvem um para o outro o mesmo discurso, os mesmos erros, o mesmo medo e a mesma loucura.
A história ameaça transformar-se em tragédia, porém com sensatez, dela se afasta e se encontra na comédia dramática, com a densidade sentimental habilmente recheada de certeiros toques de humor.
Um grande destaque da montagem está no cenário de André Cortez que é simples, mas muito funcional. Consitui-se de uma caixa que ao ser movimentada cria ambientes dinstintos e que servem muito bem para contar àquela história. A iluminação somada ao ambiente garante o clima necessário para o desempenho dos atores.
Serviço: "A Grande Volta"
com Fúlvio Stefanini e Rodrigo Lombardi.
Sextas às 21h30, sábados às 21h e domingos, às 18h (somente até 15 de agosto).
Teatro FAAP - Rua Alagoas, 903, Higienópolis. - Tel. (11) 3662-7233.
Ingressos: R$ 70,00 (inteira) e R$ 35,00 (meia).
Não recomendável para menores de 12 anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário