Da Redação
Dando continuidade as comemorações de 10 anos de trajetória a Cia. Elevador de Teatro Panorâmico reestreia o espetáculo "Eu Estava Em Minha Casa e Esperava que a Chuva Chegasse", de Jean-Luc Lagarce, autor contemporâneo francês mais montado na França e em toda a Europa. A montagem volta aos palcos de São Paulo no dia 26 de outubro, terça-feira, às 21 horas, no Espaço Elevador, sede da Cia. localizada no bairro da Bela Vista, onde cumpre temporada as terças e quartas-feiras até 15 de dezembro.
Em "Eu Estava Em Minha Casa e Esperava que a Chuva Chegasse" cinco mulheres de uma mesma família se deparam com a volta do filho, que esteve ausente por anos, sem dar notícias. Após sua chegada, ele cai desmaiado, e então essas mulheres confrontam suas imaginações e memórias, construídas durante este período de espera, com a realidade, fazendo um balanço de suas vidas e da relação entre elas. No espaço cênico, delimitado por um grande tapete de cor terra, apenas cinco cadeiras.
De acordo com Marcelo Lazzaratto, diretor do espetáculo, nas peças de Lagarce, o uso sistemático e aleatório dos fluxos de pensamento, memória e imaginação criativa, servem como contraponto a uma realidade que a cada dia faz com que as personagens se sintam mais solitárias e presas nos próprios processos mentais de significação. "Essas características fazem da dramaturgia de Lagarce algo único, genuíno, tão próprio, sem é claro, deixar de manifestar suas influências, um legítimo descendente de Samuel Beckett e Ionesco", afirma ele.
Imaginação e realidade
"Eu Estava Em Minha Casa e Esperava que a Chuva Chegasse" apresenta cinco mulheres, A Mais Velha, A Mãe, A Filha Mais Velha, A Segunda e A Mais Nova, no momento em que o rapaz neto/filho/irmão finalmente volta à sua casa, depois de anos ausente. A ausência do filho e, principalmente, a expectativa da sua volta, fez com que essas cinco mulheres passassem a se tornar seres criativos, se utilizando do instrumento da imaginação. Ou seja, cada uma delas, ao seu modo, com suas características, imagina, divaga, pensa, cria mundos, possibilidades de existência que, pra elas, são reais. E o que será que não é real na verdadeira imaginação?
"Essas cinco mulheres esperavam esse homem há muito tempo. Há anos sempre a mesma história, e elas nunca pensavam revê-lo vivo, se desesperavam por nunca terem tido notícias suas, nenhuma carta, nenhum sinal que tranqüilizasse ou lhes fizesse definitivamente renunciar à espera. Só que este filho, a suposta resolução de todos os problemas, chega e não faz nada, cai no meio da sala e não sabemos se ele está vivo ou morto. Ele está no quarto dele, parece que definhando. Então um grande choque de realidade abala estas mulheres", comenta Marcelo Lazzaratto. A peça é exatamente este momento posterior a queda do filho e a revelação de todas as imaginações, todas as criações, que elas fizeram a respeito dele e da volta dele, de como seria a vida com ele novamente, a revelação das relações entre elas, de como estas relações se dão. "Será que finalmente, elas vão obter algumas palavras e conseguir a verdade?", questiona o diretor.
Serviço: "Eu Estava Em Minha Casa e Esperava que a Chuva Chegasse"
com Carolina Fabri, Daniela Alves, Grácia Navarro, Juliana Pinho e Marina Vieira.
Terças às 21h.
Espaço Elevador - Rua Treze de Maio, 222, Bela Vista. - Tel. (11) 3477-7732.
Ingressos: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia).
Não recomendado para menores de 14 anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário