sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Inspirado em Guimarães Rosa, 'O Estranho Familiar' estreia no Teatro Ágora

Da Redação

Do mito de Narciso à arte contemporânea, a imagem refletida no espelho sempre exerceu fascínio. Partindo desse princípio e tendo o conto "O Espelho", de Guimarães Rosa, como inspiração, estreia hoje no Teatro Ágora, o espetáculo "O Estranho Familiar". A montagem, com direção de André Guerreiro Lopes – que também atua ao lado de Nadja Turenkko –, e Djin Sganzerla explora o universo de obstinação e loucura de um homem disposto a descobrir quem é a qualquer preço, procurando em um espelho seu eu verdadeiro.

Espetáculo de alta fisicalidade e impacto visual, "O Estranho Familiar" tem como base de criação a Mímica Corporal Dramática, técnica de teatro físico de Etienne Decroux. O projeto foi vencedor dos editais de montagem teatral do Programa de Incentivo ao Teatro Paulista da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo e Prêmio Funarte Myriam Muniz.

A ação da montagem se passa ao mesmo tempo dentro e fora da mente do personagem principal. Em uma estranha sala de trabalho, impregnada de memórias, um homem passa anos obsessivamente absorto em sua experiência, ao mesmo tempo intensa e fugaz. Dessa tocaia permanente de sua própria imagem surgem figuras ao mesmo tempo estranhas e familiares reveladas pelo espelho.

Para o diretor e ator André Guerreiro Lopes o espetáculo ganha elementos de estranhamento e de absurdo. "Ao invés de se aproximar da psicanálise ou misticismo, o personagem faz sua investigação de si mesmo de forma pseudo-científica, solitária, observando por anos sua imagem refletida no espelho", conta André.

Atmosfera de estranhamento

Os atores André Guerreiro Lopes e Nadja Turenkko, formados na técnica de Etienne Decroux e membros permanentes da Companhia Teatral Theatre de l'Ange Fou, mantêm em "O Estranho Familiar" um registro de atuação híbrido, entre a ação real e a estilização, entre a recriação do mundo externo e a expressão das tensões internas do pensamento e da memória.

Para isso, a dupla de atores interage com um cenário móvel, luzes e projeções em vídeo criando uma atmosfera de estranhamento, onde textos são utilizados em palavras esparsas, pequenas frases, esboços de diálogos, como ecos do universo interior. Nadja Turenkko incorpora os diversos duplos especulares, as facetas externas que se revelam ao perturbado personagem principal, representado por André Guerreiro Lopes.

Serviço: "O Estranho Familiar"
com André Guerreiro Lopes e Nadja Turenkko.
Sextas e sábados às 21h30 e domingos às 20h.
Teatro Ágora - Rua Rui Barbosa, 672, Bela Vista. - Tel. (11) 3284-0290.
Ingressos: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia).
Não recomendado para menores de 12 anos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Gostei muito do espetáculo. Extremamente simbólico e poético. Técnicamente impecável.

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