quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

'Baterbly' - conto clássico de Herman Melville

Da Redação

Um dos maiores expoentes da dramaturgia espanhola contemporânea, José Sanchis Sinisterra, assina a adaptação do conto clássico "Bartleby", do escritor americano Herman Melville (autor do romance de aventuras Moby Dick). Com tradução de Vadim Nikitin, a montagem do Núcleo Caixa Preta, formada pelo diretor Joaquim Goulart e pela atriz Cácia Goulart, volta em cartaz no Projeto Vitrine Cultural 2009, do Centro Cultural Grupo Silvio Santos.

A peça estreou em 2008 na Unidade Provisória do SESC Avenida Paulista, onde cumpriu duas temporadas de sucesso. A atriz Cácia Goulart conta que sentiu dificuldade para conseguir pautas em outros teatros, apesar da boa receptividade de público e da critica especializada. “Fiquei muito feliz com a seleção da peça no Projeto Vitrine, pois estava há oito meses sem apresentar a peça em São Paulo." Cácia acredita que o projeto Vitrine tem muito a colaborar com os grupos experimentais.

Escrito em 1853, o livro de Herman Melville traça uma irônica análise da natureza humana. Personagem enigmático, Bartleby é um jovem escriturário judicial representante da rotina burocrática e cartorial do mundo do trabalho. A obra foi publicada originalmente de forma anônima numa revista em 1853.

Bartleby é um homem que não tem particularidade nenhuma, é o homem qualquer, o homem sem essência, o homem que se recusa a se fixar em alguma personalidade estável. É o homem das grandes cidades, da impessoalidade e que, no entanto, pretende, no nada de sua existência, descobrir uma moral nova para um novo homem. Começa recusando tudo e qualquer coisa, para justamente começar alguma outra.

O cinza sem características de Bartleby representa uma espécie de resistência passiva, abertura para uma inquietação nova. É exemplar que justamente um homem imóvel, petrificado, ponha tudo a correr e desencadeie uma desterritorialização das linguagens, dos lugares, das funções, dos hábitos. Bartleby não se opõe às amáveis investidas de seu chefe, o Advogado, mas com sua célebre frase “prefiro não”, resiste às ordens de seu patrão e desperta uma sucessão tragicômica de acontecimentos. A cada resposta evasiva de Bartleby, abre-se a fresta para a entrada do insólito nas atitudes e sentimentos despertados no Advogado. Contra essa cortês e inexplicável resistência pacífica do escriturário estilhaça-se todo o sistema de normas, valores e referências de seu superior.

Proposta de Encenação

A pesquisa e o experimentalismo no trabalho com os atores são a linha básica de investigação do Núcleo Caixa Preta, da Cooperativa Paulista de Teatro. A montagem de "Bartleby" busca, portanto, apoiar-se fundamentalmente na riqueza do texto original, na coerência dramatúrgica e no rigor na preparação dos atores.

A concepção do espetáculo é minimalista, no que tange ao espaço cênico e à linguagem interpretativa. O espaço cênico intimista possibilita a interação ator-público, composto por dois ambientes que se coadunam: o escritório e a prisão. A atmosfera criada pela iluminação é a de um mundo áspero, seco, árido, que não represente um caminho de possibilidades, mas sim um encontro entre dois seres que se centrifugam sob uma claraboia sem luz. A trilha sonora original de Amílcar Farina objetiva dar unidade ao clima do espetáculo, compondo, ela mesma, um discurso espectral ao texto. Os figurinos de Marina Reis contrapõem essa aridez com peças de cores fortes que sintetizam os estados emocionais de cada personagem.

Serviço:
"Baterbly"

com Cácia Goulart e Rodrigo Gaion.
Sábados às 21h00 e domingos às 19h30.
Teatro Imprensa - Rua Jaceguai, 400. - Tel. (11) 3241-4203.
Ingressos: De 7 a 29 de março – 1 lata de leite em pó que deve ser trocada por 1 ingresso na bilheteria do Teatro. À partir de 4 de abril - R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia).

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