A sua motivação começou em 1977, quando ele visitou um clube de jazz em Boston, nos Estados Unidos. “Ficava num basement, um porão... Havia muita gente. Todos eram negros. A música era fantástica e excitante, a energia da plateia cativante e sensual. Mas algo me intrigou: como vibrar com aquela música e ficar sentado nas mesas, SEM DANÇAR? Eu fiquei ali admirando aquele cenário e logo veio um pensamento: - um dia eu quero fazer um espetáculo com esse clima, mas os espectadores serão tomados pela música e vão saltar sobre as mesas e DANÇAR!”.
Depois de 11 anos nasceu "Emoções Baratas". Possi conta que na época escutou os HEARTBREAKERS executarem ao vivo 48 canções de Duke Ellington. “No primeiro momento trabalhei durante quatro semanas somente com os músicos. Editei música por música, adequando-as ao espetáculo e, assim, criei o roteiro musical antes de começar o trabalho com os bailarinos”.
O espetáculo foi criado e apresentado na linguagem de teatro-dança e foi fruto de laboratórios de interpretação, em que músicos, bailarinos e cantoras foram cuidadosamente preparados corporalmente e teatralmente para construir um teatro musical jazzístico fora de qualquer modelo antes estabelecido.
Além da banda Heartbreakers, o espetáculo revelou novos bailarinos e as cantoras Misty e Aldyel Silva. Agora, Possi Neto revisita Emoções, trás de volta os músicos do grupo Heartbreakers e apresenta novos bailarinos e duas novas cantoras: Bibba Chuqui e Karin Hils.
A excelente qualidade da banda, o frescor, a intensa energia dessa criação e sua postura inovadora fizeram a imprensa e público celebrar "Emoções Baratas" como o espetáculo cult daquela temporada, que além do Avenida Club, ficou também, por 30 meses, em cartaz no Ópera Cabaré, em São Paulo. Apresentou-se, ainda, com sucesso em Porto Alegre e em Belo Horizonte.
O ano de 2010, portanto, marca os 22 anos da estreia de "Emoções Baratas" e, para comemorar, a montagem volta atendendo ao assédio de fãs e de públicos que desejavam rever ou assistir pela primeira vez a esse espetáculo tão singular e tão festejado.
Segundo Possi, a nova montagem de Emoções vai promover um novo resultado. Assim como o espetáculo original, a atual encenação é também fruto de um trabalho sobre improvisações, provocadas e dirigidas pelo diretor, resultando em cenas e coreografias que revelam os novos intérpretes. “Eu adaptei e moldei cada artista, de acordo com suas habilidades e desempenhos em cena. Revisitei todas as etapas, elementos e detalhes”.
"Emoções Baratas" é ambientado em um cabaré, em um clube de jazz. Todos os bailarinos, à exceção do bailarino que interpreta o garçom, assim como os músicos, à exceção do baixista, começam misturados com o público, ainda no saguão de entrada.
Na pista de dança, cadeiras de madeira, típicas de cabaré, estão amontoadas. Um único foco de luz, branco e forte, banha o contrabaixo de madeira e o baixista, o qual executa o solo jazzístico – “Things ain't what they used to be” (Ellington, Persons, 1942).
O público, cantoras, músicos e bailarinos espalham-se pelo bar e pelas mesas da plateia. Três mesas especialmente construídas pela cenografia abrigam 12 espectadores e servirão também de palcos paralelos para as coreografias durante a apresentação.
O “garçom-bailarino” desconstrói a “montanha” de cadeiras, com movimentos de sua dança contemporânea. Os músicos cruzam o palco aos poucos. Alguns ocupam diretamente seus lugares na orquestra.
Por último entra um músico, carregando a sua maleta de instrumento, vestindo capa de gabardine, com um chapéu, no melhor estilo de Humphrey Bogart. Ele apoia a mala em uma das cadeiras deixadas pelo garçom. Abre a maleta e retira dela um belíssimo trompete que brilha como ouro.
Assim como o instrumento, seu som projetado reluz pelo ambiente. É o solo de “Mood Indigo” (Ellington, Irving Mils, Barney Bigard, 1931), acompanhado pelo baixo. Aos poucos se incorporam à vibrante melodia o vibrafone e o piano. Um clima de frenesi, elegância, sensualidade e música magistral é instalado.
A orquestra explode com “Cotton club stomp” (Ellington, H.Carney, J.Hodjes, 1930). Os bailarinos saltam sobre as mesas, dançam sobre elas, invadem o palco-pista de danças. Entre as canções apresentadas estão: “Satin doll” (Ellton, Strayhorn, Mercer, 1927), “Stomp look and listen” (Ellington, 1947) e “It don't mean a thing” (Ellinton, I.Mills, 1929).
Em um determinado momento do musical, os músicos deixam o palco da orquestra e se juntam aos bailarinos e uma das cantoras. Recursos tecnológicos (pré-gravação da música em estúdio) garantem que os instrumentos continuem em execução para que todo o elenco dance, inclusive os músicos.
Outro ponto alto do espetáculo permite aos bailarinos escolherem espectadores para dançar com eles, em mais um momento de interação e entretenimento para o público.
Serviço: "Emoções Baratas"
Quintas e sábados às 21h, sextas às 21h30 e domingos às 19h.
Estúdio EMME (Antigo Avenida Club) - Avenida Pedroso de Morais, 1.036, Pinheiros. - Tel. (11) 2626-5835.
Ingressos: de R$ 50,00 a R$ 80,00.
Não recomendável para menores de 12 anos.
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