
Abordar o universo masculino nas artes cênicas é sempre muito instigante. Pensando assim, o grupo composto por cinco atores: Alexandre Freitas, Fábio Cadôr, Elvis Shelton, Flavio Baiocchi e Flavio Barollo resolveram falar desse mundo no teatro. Com o desejo de cumprir a missão, convidaram uma mulher para escrever sobre ele. Assim, nasceu Novelo.
"Quando recebi o convite, pensei logo: Não seria melhor um homem para desempenhar essa tarefa? Não teria eu olhos preconceituosos em relação ao mundo masculino? Mas os atores não estavam preocupados com essas questões. Então, resolvi abraçar o desafio e fazer este mergulho no masculino em mim", conta a autora do texto Nanna de Castro, que se dedicou durante um ano para a realização da empreitada.
Conforme ela, o estilo da narrativa inédita é um desafio também à direção. Os planos de espaço-tempo cruzam-se e os atores saltam entre fatos acontecidos no passado e no presente. "É um exercício de linguagem, um experimento, em que eu uso um pouco do formato do cinema. Honestamente, sei que criei uma provocação, tanto à direção quanto ao elenco e estou curiosíssima para ver a estreia, a reação do público e tudo que diz respeito a esse delicioso ambiente teatral".
O diretor Zé Henrique de Paula concorda com Nanna, "cada fase dos ensaios, as exigências foram diferentes. No início, o trabalho de mesa consumiu muito tempo, para que nós 'desmontássemos' a peça e analisássemos cada parte separadamente. Depois, houve muito trabalho de pesquisa, para que as individualidades fossem criadas pelos atores. No último período de ensaios, as exigências têm sido de natureza emocional, uma vez que o mergulho de cada ator na sua história só tem se aprofundado. A melhor maneira de responder a todos esses processos é ter flexibilidade e dar muita, mas muita liberdade para os atores durante os ensaios".
A peça aprofunda ao contar a história de cinco irmãos (Maurício, João Pedro, Zeca, Mauro e Cláudio), que se reencontram na sala de espera de um hospital público, após receberem a notícia de que um homem, que pode ser o pai que os abandonou por 20 anos, está internado na UTI.
Este reencontro insólito, depois de tanto tempo, emerge lembranças e sentimentos intensos, desencadeando situações patéticas, questionamentos e discussões. Essas abordagens culminam em resgatar sentimentos dolorosos, envolvendo familiares, os quais muitas vezes apresentam dificuldades para serem tratados com clareza.
Para Zé Henrique, o que mais lhe atrai no texto é a possibilidade de fazer um recorte do "masculino". "Cinco homens diferentes, cinco homens possíveis, cinco homens reais. E, por meio deles, tentar entender melhor o imaginário do gênero como um todo".
Os diálogos são permeados por momentos de humor e poesia, revelando a essência masculina, sua singularidade e complexidades, muitas vezes roteirizadas de forma caricatural, nas artes de forma geral.
É uma peça profunda, comovente e por vezes divertida. Ela apresenta uma visão, envolvendo diversas dimensões do homem contemporâneo, inserindo suas alegrias, conflitos, ambições, coragem, mágoas, medo, frustrações, sonhos e outros estados bastante conhecidos pela humanidade, mesmo sendo de maneira inconsciente.
Serviço: "Novelo"
com Alexandre Freitas, Fábio Cadôr, Elvis Shelton, Flavio Baiocchi e Flavio Barollo.
Sextas às 21h30, sábados às 21h e domingos às 19h.
Teatro Sérgio Cardoso (Sala Paschoal Carlos Magno) - Rua Rui Barbosa, 153, Bela Vista. - Tel. (11) 3288-0136.
Ingressos: R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia).
Não recomendável para menores de 12 anos.
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