sexta-feira, 8 de outubro de 2010

'Rockantygona' no SESC Santana




Da Redação

Baseada no clássico grego de Sófocles, a peça "Rockantygona" traz à luz discussões atemporais, como o direito privado administrativo, as diferenças entre moral e ética e sobre a importância do indivíduo perante os interesses do Estado.

Tudo começou, há dois anos, quando Guilherme Leme e Larissa Bracher procuravam um texto para encenar. Ao lerem vários, depararam-se com o clássico Antígona, de Sófocles, e decidiram por uma encenação moderna. "Foi um desafio muito grande. A peça fala sobre intransigência e a discussão é totalmente atual. Antígona é uma personagem muito forte e trabalhar com o Melo foi incrível", garante a atriz, que protagonizou a temporada carioca, agora substituída por Miwa Yanagizawa, nas apresentações paulistanas.

A história conta a trajetória de Antígona (Miwa), que deseja enterrar o seu irmão Polinice, o qual atentou contra a cidade de Tebas. Porém, o tirano Creonte (Luís Melo) impede que os mortos que atentaram contra a cidade fossem enterrados, uma ofensa para a família do morto. Com isso, Antígona desafia as leis e enterra o irmão sozinho, sendo depois capturada e condenada à morte por Creonte.

Depois da temporada na cidade do Rio de Janeiro, Armando Babaioff, que encarna Hémon, filho de Creonte, continua empolgado com a montagem. "Quero sempre experimentar. Partir do zero, desconstruir um clássico para trazer à cena. Para mim, o processo é mais importante que o resultado".

"Estamos todos contando essa história. É uma versão nossa do mito. Antígona já foi encenada de todas as maneiras e conseguir retirar o clássico de um patamar, humanizá-lo e trazê-lo mais próximo das pessoas são o nosso objetivo", declara Luís Melo.

O diretor Guilherme Leme, também em cartaz no monólogo O Estrangeiro, cercou-se de uma ficha técnica de respeito. Além da participação dos atores na construção do texto, o trabalho é supervisionado pelo dramaturgo premiado Caio de Andrade. Ele conta que os dois estudaram juntos todas as versões da tragédia e do mito de Antígona.

O cenário é assinado por Aurora dos Campos, já parceira de Guilherme em três peças anteriores. Marcelo H é responsável pela trilha sonora. Ele, que esteve nos últimos cinco espetáculos do diretor, opera, em Rockantygona, o som ao vivo diante do público, comentando as cenas, por meio de um microfone.

Para Guilherme, Marcelo faz o papel da mídia, informando o povo sobre os acontecimentos, em uma versão moderna do Corifeu, da tragédia grega. "A trilha foi composta originalmente para esta produção. Estamos usando guitarras distorcidas e som pesado para dar o tom apropriado", diz Marcelo.

"É uma montagem que tem de ser encenada com a pulsação e a adrenalina de um show de rock", completa Luís Melo, justificando o título da peça.

Serviço: "Rockantygona"
Com Luís Melo, Miwa Yanagizawa, Armando Babaioff e Marcello H.
Sextas e sábados às 21h e domingos às 19h30.
Teatro SESC Santana - Av. Luiz Dumont Villares, 579. - Tel. (11) 2971-8700.
Ingressos: de R$ 5,00 a R$ 20,00.
Não recomendado para menores de 16 anos.

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