Editor de Teatro
"Antes da Coisa Toda Começar" da Armazém Cia. de Teatro é uma peça cabeça, mas que agrada aos diversos tipos de público. A montagem tem uma qualidade que surpreende e o elenco domina a cena de uma forma arrebatadora.
Na trama, que não segue imposições temporais, os personagens revelam suas dores e problemas, tentando buscar um caminho para seguir a vida. São três histórias paralelas, sem conexão entre si, que se alternam por trechos.
A trilha sonora executada ao vivo pelo próprio elenco, recurso que conferiu um ar contemporâneo gostoso para a peça e que ainda contribui cenicamente. Não é somente um ator que para a peça e canta algo. A canção expõe os sentimentos, a alma de cada personagem e está ali, talvez, como mais um personagem em cena.
O espetáculo é resultado de uma direção acertada - que deixa os atores trafegarem em suas emoções livremente -, uma iluminação que coolabora com o belíssimo cenário de estruturas móveis - que reflete um pouco da claustrofobia de cada ser ali representado - e um elenco afiado, dedicado à sua arte, disposto a se entregar. É visível a emoção com que cada um se entrega para aquela história, a sua disposição para se emocionar e até sofrer, pois, como diz um personagem na trama, "existir dói".
Patrícia Selonk, Thales Coutinho, Rosana Stavis, Ricardo Martins, Marcelo Guerra, Simone Vianna e Camila Nhary são guerreiros do palco. Levam a plateia à dor de sua existência, a entender como é estar no limite e conseguem fazer com que todo o público se sinta representado.
Mais do que façar sobre a peça, esta montagem precisa ser sentida. O público de Brasília terá essa oportunidade com uma curta temporada a ser realizada no CCBB, de 20 de abril a 8 de maio. Já as apresentações de "Antes da Coisa Toda Começar" no Festival de Curitiba - que segue até o próximo domingo - estão com ingressos esgotados.
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